Concepções de
leitura e de escrita
Nacir Abdala *
A
importância do ato de aprender a ler e a escrever está fundamentada na idéia de
que o homem se faz livre por meio do domínio da palavra. O uso da linguagem é
tão importante que a linha do tempo divide a história em antes e depois da
escrita. A partir de então, o homem pôde registrar sua cultura, as descobertas,
as emoções, sua poesia, enfim, sua maneira de ver o mundo. Isso não quer dizer
que o homem não manifestasse o desejo de se expressar no mundo antes de
desenvolver a escrita. Ele se comunicava por meio do desenho e da pintura, mas
foi com a escrita que ampliou sua habilidade comunicativa e socializou o
registro através de um sistema convencional de sinais fechados. No entanto,
aprender a ler e a escrever é mais do que uma simples decodificação de
símbolos. Para o sujeito construir a habilidade de escrever e ler é necessário
que compreenda a sua própria existência. É preciso ter consciência de que a
escrita tem por função registrar fatos criados e vividos pelo homem. A escrita
registra os significados dos homens.
Deve-se
também esclarecer que a escrita é vista como um processo de aperfeiçoamento do
homem, um enriquecimento exterior, um desenvolvimento intelectual e cultural do
ser humano. O domínio da língua oral e escrita é fundamental para a
participação social efetiva, pois é por meio dele que o homem se comunica, tem
acesso a informações, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói
visões de mundo, produz conhecimentos. Por isso, segundo os Parâmetros
Curriculares Nacionais (1997) ao assinalá-las, a escola cumpre sua função de
garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos, necessários
para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos (cf. p. 15).
Estatísticas
sobre a educação brasileira mostram que há um número muito grande de alunos
deixando a escola sem as habilidades comunicativas de ler e escrever. A evasão
escolar significa a exclusão do indivíduo do exercício da cidadania, pois é na
escola que se desenvolvem as habilidades de registro básico para o indivíduo
inscrever-se em seu grupo social como cidadão, e ser cidadão significa
participar conscientemente da construção cultural e comprometer-se com a
construção da cidadania do grupo social ao qual se pertence.
Constata-se,
assim, que ler e escrever bem requer esforço e dedicação do aluno, mas também a
orientação e a mediação segura do professor. Para se construir compreensão do
ato de ler e escrever cabe, pois, avaliar o papel do aluno na construção da
leitura e da escrita e sua percepção do processo, bem como o papel do professor
e sua percepção no desenvolvimento da habilidade de escrever e ler e no
processo de produção textual na escola.
Tais
fatos merecem uma reflexão por parte dos professores. Numa época em que para
predominar a oralidade, válida e rica sob todos os aspectos, não se pode
esquecer também a importância da expressão escrita, saber expor devidamente
suas idéias oralmente e por escrito e argumentar com eficácia é fator
inquestionável no sucesso pessoal no grupo social da criança;
Portanto,
escola é um ambiente no qual se busca o desenvolvimento de um grande número de
competências. As habilidades de construção da escrita e da leitura não poderiam
ser excluídas das informações e das competências a serem trabalhadas no
processo de ensino-aprendizagem. Algumas das prováveis razões das dificuldades
para redigir pode ser o fato de a escola colocar a avaliação do produto como
objetivo da escrita, de privilegiar aspectos gramaticais, de impor tópicos a
serem desenvolvidos, de não fornecer comentários ou até de mostrar pouco
interesse pela escrita, privilegiando, por exemplo, a leitura de forma
mecânica, que não oferece desenvolvimento criativo para a criança, e a fala do
professor na sala de aula.
EXERCÍCIOS
1)Questione
seus alunos sobre o que significa esse
provérbio e em que momentos ele pode ser empregado, levando em conta sua
diversidade de sentidos.
“Quem
diz o que quer” refere-se, principalmente, a conteúdos, a coisas que não
deveriam ser ditas a certas pessoas em determinadas ocasiões. Contudo, também
pode referir-se ao modo como se diz algo que não é apropriado a certas pessoas
em determinadas ocasiões. Assim, é importante perguntar:
1.
Qualquer coisa pode ser dita a qualquer pessoa? Expliquem.
2.
Interessa o modo como nos dirigimos aos outros? Por quê?
3.
No local de trabalho, pode acontecer o “quem diz o que quer ouve o que não
quer”? Como?
4.
Que relações vocês consideram existir entre o ambiente profissional e a
linguagem?
5.
Apenas o bom uso da gramática garante a eficiência das relações entre trabalho
e lin guagem?
6.
Por que há necessidade de adequar o uso da língua aos diversos grupos sociais?
2)
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, complete as seguintes
palavras com:
a)
G ou J:
pa__é,
enri__ecer, via__ar, laran__al,
via__em,
vestí__io, gran__a, pa__em,
fin__ir,
despe__ar, ferru__em, ultra__e,
cora__em,
re__er, can__ica, la__e, tra__e,
reló__io,
refú__io.
b) Sou Z:
cremo__o,
portugue__a, pobre__a, limpide_z_,
burguê_s_, reali_z_ar, anali_s_ar, m a r q u ê
_s _ ,
a v i _s _ a r , c i n _ z _ e i r o , c a f e
_ z _ a l ,
organi_z_ar, vaido_s_o, campone_s_a,
trombo__e,
cau__a, coi__a.
3). Por que escrevemos com letras diferentes palavras
que são pronunciadas com os mesmos sons?
Que regra gramatical explica o uso de z nas
palavras a seguir? Se preciso, consulte uma gramática.
beleza – tristeza – madureza – fraqueza – esperteza
4)
Zeca começou a trabalhar como gerente de uma lanchonete. Ele entra às 14h e
fica até fechar. Deixou um bilhete explicando os principais acontecimentos para
o patrão, o Seu Raimundo que abre a lanchonete no dia seguinte bem cedo.
Acontece que Zeca, na entrevista para o emprego, disse que escrevia bem e de
maneira clara. No entanto, têm ocorrido alguns problemas. Isso se dá sobretudo
quando o patrão chega no dia seguinte à lanchonete e simplesmente não consegue
entender o bilhete que Zeca escreveu..
Seu Raimundo:
Tudo
blz? No fechamento da lanchonete, promovi uma reuniaum com os funsionário. A
ekipe dos atendentes naum estavam motivados. Eu dei sugestões e orientações de
como atender blz os clientões. Um terso, pelo menos, da equipe estava
mau-preparada.
–
Prima, keru sempre um sorriso no rosto do atendente.
–
Segundo, keru sempre q se use “obriga- do” e “por favor”.
–
Três, keru sempre boa educaçaum.
–
Quatro, cliente as vez não tem educa- çaum, mas a gente não precisemos ser mau-
educados.
Gostou?
Entaum tá! Chefia, tu é da hora, veio!
Zeca
Ø
No lugar de Seu Raimundo, o que vocês fariam?
Ø
Reescreva o bilhete de Zeca.
5). Paulo é um menino muito simpático de 9 anos. Em
sua redação, ele escreveu:
“A humanidade devem se preocupar em fazer o bem”.
Em sua opinião, por que ele escreveu o verbo dever no
plural?
6)
Na frase “A vida é os projetos diários ”,a ênfase recai sobre a vida ou sobre os projetos?
7)
Em qual destas frases evidencia-se a atuação de Henrique?
I.
Henrique com seu irmão lideraram o jogo.
II.Henrique,
com seu irmão, liderou o jogo.
8)
Leia as frases a seguir e observe as possibilidades de sentido:
I. A
felicidade e calma enchia a casa.
II.
A felicidade e a calma enchiam a casa.
a)
Em qual delas felicidade se apresenta como sinônimo de calma? Por quê?
b)
Que diferença de sentido fica evidente entre I e II?
9)Encontre
os vocativos no bilhete de Zeca e na
nova versão que fizeram.
10) Complete o texto, usando algumas das palavras a
seguir:
núcleo – termo – junto – separado – oração – nominal –
desejo – enunciador – fala – dirige – interlocutor – substantivo
O
vocativo é um__________ desligado da estrutura de uma ____________, pois
ele
vem separado____________ por vírgula do resto do enunciado. Há casos em que o
vocativo
aparece
após dois-pontos (:) ou acompanhado de ponto de exclamação (!). Sua função é
mostrar a quem o ______________ se dirige, mostrando, na oração, o nome, apelido
ou uma característica do ________________.
Informações implícitas são aquelas que não
estão expressas no texto, mas
subentendidas. Para identificá-las, é preciso descobrir as ideias subjacentes
às linhas efetivamente escritas.
QUESTÕES DE LÍNGUA PORTUGUESA
QUESTÃO 01
D1.
Inferir o sentido de uma palavra ou expressão
O FIM DE SAPOS,
RÃS E PERERECAS:
“Para muita gente, sapos, rãs e pererecas podem lá não ter
graça. Mas os anfíbios são essenciais à vida de florestas, restingas lagoas, só
para citar alguns ambientes. E o problema é que estão desaparecendo sem que os
cientistas saibam explicar o porquê. O fenômeno é conhecido há anos, mas tem se
agravado muito. Sobram explicações- vírus, redução de habitat e mudanças
climáticas, por exemplo- mas ainda não há respostas para o mistério, cuja
consequência é o aumento do desequilíbrio ambiental. Para tentar encontrar uma
solução, cientistas começaram a se reunir no Rio.” (O Globo,Rio de Janeiro,
2003.)
Ao se referir ao
desaparecimento de sapos, rãs e pererecas, o texto alerta para
(A) o perigo de alguns ambientes ameaçados.
(B) A falta de explicações dos cientistas.
(C) As explicações do mistério da natureza.
(D) O perigo do desequilíbrio do meio ambiente.
(E)O extermínio dos animais.
(SAEPE) QUESTÃO 02
D3.
Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
Turismo
A única coisa que perturba harmonia do ambiente são os
turistas. Alguns. Eles não viajam a fim de ver o mar, ouvir o vento, sentir a
areia. Eles só querem mudar de cenário para fazer as coisas que fazem sempre.
E, para eles, o som é essencial. A todo volume. Para que todos saibam que eles
têm som. Nunca desembarcam de si mesmos. Por onde vão, sua presença é uma
perturbação para o espírito. Fico a me perguntar: por que não gostam do
silêncio? Acho que para eles, o silêncio é o mesmo que o vazio. E o vazio é
sinal de pobreza. Nossa cultura provocou uma transformação perversa nos seres
humanos, de forma que eles acreditam que, para estar bem, é preciso estar
acoplados a objetos tecnológicos.
ALVES, Rubem. Turismo. In: Quarto de Badulaques. São Paulo:
Parábola, 2003. p. 158.
No trecho “Nunca desembarcam de si mesmos. ” (l.7), o
autor usou a expressão destacada para ressaltar que os turistas têm dificuldade
de
(A) respeitar o lugar.
(B) mudar os hábitos.
(C) sentir a paisagem.
(D) conviver em harmonia.
(E) transformar as
pessoas.
(SAEPE) QUESTÃO 03
D4.
Inferir uma informação implícita em um texto.
Cinco minutos
Assim
ficamos muito tempo imóveis, ela, com a fronte apoiada sobre o meu peito, eu,
sob a impressão triste de suas palavras.
Por
fim ergueu a cabeça; e, recobrando a sua serenidade, disse-me com um tom doce e
melancólico:
–
Não pensas que melhor é esquecer do que amar assim?
–
Não! Amar, sentir-se amado é sempre [...] um grande consolo para a
desgraça. O
que é triste, o que é cruel, não é essa viuvez da alma separada de sua irmã,
não; aí há um sentimento que vive, apesar da morte, apesar do tempo. É, sim,
esse vácuo do coração que não tem uma afeição no mundo e que passa como um
estranho por entre os prazeres que o cercam.
–
Que santo amor, meu Deus! Era assim que eu sonhava ser amada! ...
– E
me pedias que te esquecesse!...
–
Não! não! Ama-me; quero que me ames ao menos...
–
Não me fugirás mais?
–
Não. [...]
ALENCAR,
José de. Cinco minutos. Rio de Janeiro: Aguilar, 1987. Fragmento.
No trecho “É, sim, esse vácuo do coração que não tem uma
afeição no mundo e que passa como um estranho por entre os prazeres que o
cercam. ” (l. 13-16), o homem demonstra estar
(A) confuso.
(B) consolado.
(C) deprimido.
(D) preocupado.
(E) revoltado.
QUESTÃO 4
Leia a tirinha e responda a questão:
D4
– Inferir uma informação implícita em um texto.
(SAERJ/RJ – 2011) A
intenção da mãe ao mandar Antoninho pular na água era de
(A) afastá-lo do
predador.
(B) escondê-lo do macaco.
(C) dar um banho no filho.
(D) brincar com o filho.
QUESTÃO 5
D4
– Inferir uma informação implícita em um texto.
Luz no fim do
túnel
Graças a Ricão, minhas dúvidas sobre ser "igual ou
diferente", "original ou copiado" viraram secundárias. Num
minuto súbito, deixei de me sentir perdido, foi incrível! Tinha agora um rumo
na vida, enxergava luz no fim do túnel.
A meta era ser escritor de comediante, aprender a ser
engraçado, bolar monte de frases espertas e situações hilárias para Rogério
apresentar em espetáculos de ventríloquo pelo país, operando um boneco de mão.
Agente estrearia na tevê, num show de talento. Faria o maior sucesso. Seria
convidado para outros programas. Ganharia uma grana firme e alcançaria fama -
talvez até mesmo antes dos 15 anos.
Com o primeiro dinheiro firme que entrasse, eu compraria um
barraco para o Ricão. Ou melhor, barraco não, casinha decente. Depois mandaria
pôr dessas mãos postiças supermaneiras no braço dele. Ricão trabalharia com a
gente de secretário, colaborador, cobrador, sei lá, até ator, em certos
números. Quem sabe se, um dia, além de Ricão, não seria ricaço também.
Planejar como gastar altas granas era mais gostoso do que
decidir como usar os caraminguás do aumento da mamãe. E se alguém, naquele
instante, me perguntasse na bucha: "Ser gêmeo idêntico é bom ou é
ruim?", ouviria de resposta certa: "É ótimo! Ótimo para criar confusão
no palco e botar o auditório rindo."
As ideias foram tantas, que mal guardei metade delas. Uma
das boas, que retive, era Rogério comandar, em vez de um boneco, um dinossauro
chamado Grumbs. Imaginei o nome da dupla: Roger and Grumbs. Em inglês soava
bem, o que era meio caminho andado. Aí, nosso programa de televisão se chamaria
Planeta Grumbs e o título do primeiro filme nacional que a gente faria, poderia
ser "Rogério e Grumbs na Bogúncia." Enfim, na possibilidade de ser em
breve rico e famoso, todos os meus problemas pareceram resolvidos.
PATRIOTA. Margarida. Luz no fim do túnel. In: Uma voz
do outro mundo. Belo Horizonte: Dimensão. 2007. p. 83-4. (P090587ES_SUP)
(P090589ES) De acordo com as informações presentes nesse
texto, conclui-se que o narrador era:
(A)destemido.
(B)irresponsável
(C)atirado
(D)sonhador
(E)amigável
QUESTÃO 6
Habilidade-
Inferir uma informação implícita em um texto.
Leia o texto e depois responda a questão:
O AVARENTO
Um avarento
possuía uma barra de ouro, que mantinha enterrada no chão. Todos os dias ia lá
dar uma olhada.
Um dia,
descobriu que a barra fora roubada, e começou a se descabelar e a se lamentar
aos brados.
Um vizinho,
ao vê-lo naquele estado, disse:
__ Mas para
que tanta tristeza? Enterre uma pedra no mesmo lugar e finja que é de ouro. Vai
dar na mesma, pois quando o ouro estava aí você não o usava pra nada!
(Esopo. In: O livro
das virtudes – O compasso moral, 1996
O provérbio que pode ser associado ao texto é
(A) “Nem tudo que
reluz é ouro.”
(B) “Água mole em
pedra dura, tanto bate até que fura.”
(C) “Quem tudo
quer, tudo perde.”
(D) “Em terra de
cego, quem tem um olho é rei.